domingo, 11 de junho de 2017

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Passados cerca de cinco meses de Governo de esquerda, quase que nos esquecemos de que até Outubro ocupava o poder o pior conjunto de políticos que este país viu desde o 25 de Abril. Entrámos na normalidade institucional. Foi aprovado um Orçamento de Estado sem inconstitucionalidades e a cooperação entre os diversos órgãos de soberania - Assembleia da República, Governo, Presidência e Tribunal Constitucional - é serena e respeitosa. E aquela unanimidade burra em volta de coisas como "austeridade" ou "reformas" desapareceu, substituída por uma governação que depende da negociação com os diversos partidos representados na "casa do povo", o parlamento. As sibilas que durante semanas, meses, auguravam que as sete pragas do Egipto se abateriam sobre nós no momento em que perigosos comunistas tomassem o poder recolheram-se humildemente nos seus covis, apenas espreitando a cada flutuação dos mercados ou estrebucho das taxas de juro da dívida soberana. 
Não tem sido no entanto nada fácil, o caminho. O Governo enfrentou desde o início a resistência, não só da oposição (que teimava em reconhecer a derrota) mas também de uma legião de comentadores enraivecidos que, dos seus palanques mediáticos, iam perorando sobre a impossibilidade da situação. Mas, como toda a gente já deveria saber, a política é a conjugação dos possíveis, e, de possível em possível, chegou-se a um momento de estabilização. Aos olhos da União Europeia, o Governo passou a ser respeitado. E, imagine-se, sem subserviência. Claro que os vários desafios próximos (o PEC está prestes a ser apresentado, a economia continua estagnada no mundo inteiro) não serão fáceis de enfrentar, mas nada nos indica que não poderão ser ultrapassados, como tem acontecido até agora.
E depois, há o descanso. O descanso de sabermos que não temos um primeiro-ministro que diz coisas como a que esta noite recordei no Twitter (a propósito de um debate sobre o BANIF): o saudoso Passos Coelho que, em Setembro de 2015, garantia que o "dinheiro emprestado ao fundo de resolução está a render" foi-se, desapareceu. Sim, eu sei, eu sei que há por uma figura vagamente parecida com ele. Mas não passa de uma assombração, lúgubre espectro, triste figura. Ele e o seu pin, Dom Quixote e Sancho Pança. Primeiro-ministro no exílio que se recusa a falar na Assembleia da República e inaugura escolas abertas há anos, dizendo de vez em quando coisas sem nexo a que ninguém liga. A sombra do que foi, e do que disse: tanta coisa absurda, afrontosa, miserável. Como estas maravilhosas afirmações sobre o dinheiro que o Estado tem no fundo de resolução. Num momento em que o actual Governo tenta apagar o fogo deixado aceso pela sua incompetência, pelo seu oportunismo eleitoral, no Novo Banco e no BANIF, recordar estas palavras serve de lição, aprendizagem de uma herança negra. E também nos ensina muito sobre o homem sem qualidades que, por acaso do destino, foi nosso primeiro-ministro durante quatro anos. Não queremos ver novamente esta alma penada a pairar sobre o país. Também esta responsabilidade pesa sobre os ombros do Governo e dos partidos que o apoiam. Seria bom, muito bom, que não falhassem.  Passados cerca de cinco meses de Governo de esquerda, quase que nos esquecemos de que até Outubro ocupava o poder o pior conjunto de políticos que este país viu desde o 25 de Abril. Entrámos na normalidade institucional. Foi aprovado um Orçamento de Estado sem inconstitucionalidades e a cooperação entre os diversos órgãos de soberania - Assembleia da República, Governo, Presidência e Tribunal Constitucional - é serena e respeitosa. E aquela unanimidade burra em volta de coisas como "austeridade" ou "reformas" desapareceu, substituída por uma governação que depende da negociação com os diversos partidos representados na "casa do povo", o parlamento. As sibilas que durante semanas, meses, auguravam que as sete pragas do Egipto se abateriam sobre nós no momento em que perigosos comunistas tomassem o poder recolheram-se humildemente nos seus covis, apenas espreitando a cada flutuação dos mercados ou estrebucho das taxas de juro da dívida soberana. 
Não tem sido no entanto nada fácil, o caminho. O Governo enfrentou desde o início a resistência, não só da oposição (que teimava em reconhecer a derrota) mas também de uma legião de comentadores enraivecidos que, dos seus palanques mediáticos, iam perorando sobre a impossibilidade da situação. Mas, como toda a gente já deveria saber, a política é a conjugação dos possíveis, e, de possível em possível, chegou-se a um momento de estabilização. Aos olhos da União Europeia, o Governo passou a ser respeitado. E, imagine-se, sem subserviência. Claro que os vários desafios próximos (o PEC está prestes a ser apresentado, a economia continua estagnada no mundo inteiro) não serão fáceis de enfrentar, mas nada nos indica que não poderão ser ultrapassados, como tem acontecido até agora.
E depois, há o descanso. O descanso de sabermos que não temos um primeiro-ministro que diz coisas como a que esta noite recordei no Twitter (a propósito de um debate sobre o BANIF): o saudoso Passos Coelho que, em Setembro de 2015, garantia que o "dinheiro emprestado ao fundo de resolução está a render" foi-se, desapareceu. Sim, eu sei, eu sei que há por uma figura vagamente parecida com ele. Mas não passa de uma assombração, lúgubre espectro, triste figura. Ele e o seu pin, Dom Quixote e Sancho Pança. Primeiro-ministro no exílio que se recusa a falar na Assembleia da República e inaugura escolas abertas há anos, dizendo de vez em quando coisas sem nexo a que ninguém liga. A sombra do que foi, e do que disse: tanta coisa absurda, afrontosa, miserável. Como estas maravilhosas afirmações sobre o dinheiro que o Estado tem no fundo de resolução. Num momento em que o actual Governo tenta apagar o fogo deixado aceso pela sua incompetência, pelo seu oportunismo eleitoral, no Novo Banco e no BANIF, recordar estas palavras serve de lição, aprendizagem de uma herança negra. E também nos ensina muito sobre o homem sem qualidades que, por acaso do destino, foi nosso primeiro-ministro durante quatro anos. Não queremos ver novamente esta alma penada a pairar sobre o país. Também esta responsabilidade pesa sobre os ombros do Governo e dos partidos que o apoiam. Seria bom, muito bom, que não falhassem.  

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