sábado, 25 de fevereiro de 2017

Offshores. Ex-diretor-geral dos impostos desmente Paulo Núncio





Azevedo Pereira diz que despacho de "visto" não autoriza 
divulgação
 da informação e que essa autorização foi pedida não
 uma mas três vezes.
O antigo diretor-geral da Autoridade Tributária 
(AT), José Azevedo Pereira, diz que pediu 
por três vezes autorização ao ex-secretário de 
Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, 
para publicar os dados relativos a transferências
 para offshore.
Contudo, o processo veio devolvido com um
 despacho de "visto". Isto, alega, significa que
 o responsável "declarou ter tomado conhecimento
 dos elementos que lhe foram comunicados mas
 não autorizou a sua divulgação, tal como lhe
 foi solicitado".
O "esclarecimento" de Azevedo Pereira desmente
 Núncio que, em declarações ao DN, alegara que 
"o despacho de visto não é uma oposição à respetiva 
divulgação, uma vez que a AT já estava obrigada
 a publicar a estatística com base no despacho 
do meu antecessor [Sérgio Vasques]".

Mas Azevedo Pereira, que foi diretor-geral dos impostos
 entre 2007 e 2014, reitera: "Importa notar que um
 despacho de "Visto", sem qualquer decisão associada,
 em linguagem corrente da administração pública, 
quer dizer exatamente aquilo que literalmente afirma. 
Ou seja, a mensagem é, sumariamente, vi e tomei 
conhecimento daquilo que propõe, mas uma vez que não
 lhe estou a responder afirmativamente, não o autorizo
 a proceder como sugere."
O ex-diretor dos impostos explica que o pedido para
 publicação dos dados relativos a transferências 
para offshores foi feito por três vezes, "através do envio 
de processos contendo, no primeiro caso, a informação
 relativa a 2010 (reportada pelas instituições financeiras 
em meados de 2011) e, no segundo, a informação
 relativa a 2011 (reportada pelas instituições financeiras
 em meados de 2012)". A terceira solicitação surgiu após
 ter sido pedida, pela Secretaria de Estado dos Assuntos 
Fiscais, uma alteração na estrutura da informação
 a divulgar no primeiro caso.
O segundo pedido de divulgação foi feito em 
novembro de 2012 e o tal despacho de visto só 
chegou em meados de junho de 2014.
Na sua resposta, Azevedo Pereira vai mais longe 
ao lembrar que se por "redução ao absurdo" 
a secretaria de Estado quisesse mesmo ver a informação
 divulgada e tudo não passasse de um "mal-entendido"
 ou de um mero "erro de perceção", então "o problema 
seria fácil de resolver". Bastaria dar ordens para 
divulgar a informação quando fosse detetada a ausência 
de publicação da lista.
"Naturalmente, estes erros de perceção podem
 demorar dias, ou, na pior das hipóteses, meses a sanar.
 Contudo, nunca demoram quatro anos a resolver - 
ficando inclusivamente sem solução ao longo de
 todo o período em causa e transitando para o 
executivo seguinte", escreve Azevedo Pereira.

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