13 de Março de 1928 - que assinala a estreia do aproveitamento institucional de um clube desportivo e da cobertura que lhe foi dada pelo aparelho político que iria desembocar no “Fascismo Português”.
O FC Porto foi elevado a Instituição de Utilidade Pública passando a usufruir de todos os benefícios daí
inerentes (ver imagem do Decreto-Lei do Ministério da Instrução Pública publicado no Diário do Governo).
Recordemos que o Benfica, apenas em 6 de Setembro de 1960, e integrado num lote de cinco clubes (ver
imagem do Decreto n.º 43 153) atingiu tal distinção e proveitos. Ou seja, haviam passado... 32 anos e seis
meses após a estreia portista como “Clube do Fascismo”!
Esta data, há 83 anos, marca no futebol português o modo,
inédito até aí, como um clube se aproveitou, para proveito próprio, da promiscuidade entre o exercício de cargos directivos e a participação no aparelho repressivo do Estado Novo.
Se bem que o FC Porto se aproveitasse muito bem desta promiscuidade, até 25 de Abril de 1974, a sua
existência provinciana e regional, num regime centralista, permitiu que fosse o Sporting CP aquele que mais
beneficiou com a Situação.
Em 1928, o presidente da Direcção do FC Porto era o inefável fascista Abílio Urgel Horta. Nascido em 17
de Junho de 1896, em Felgar, uma freguesia em Torre de Moncorvo, cedo rumou para a cidade do Porto,
onde se formou em Medicina. Aos 31 anos, sendo presidente do FCP e tendo feito amizades, com alguns
dos militares que implantaram (28 de Maio de 1926) em Portugal, a Ditadura Nacional que estaria na origem, em 1933, do Estado Novo, consegue com uma “cunha de tamanho fascista” que o Presidente da
República Óscar Carmona, Manuel Rodrigues Júnior (Ministro das Finanças) e José Alfredo Mendes de
Magalhães (Ministro da Instrução Pública) assinem o Decreto-Lei que fez do FC Porto o pioneiro (e único
clube durante 32 anos e seis meses) detentor do estatuto de Utilidade Pública. Este médico fascizóide
regressaria à presidência da Direcção portista, entre 1951 e 1953, para “sacar do Poder Autoritário e
Repressivo Português” o Estádio das Antas, inaugurado pomposamente em 28 de Maio de 1952, o Dia das Comemorações Fascistas, integrando a inauguração do estádio nas celebrações dos 26 anos da
implantação do Regime. O médido fascizóide foi deputado da União Nacional, em diversas legislaturas,
mostrando-se particularmente activo, na VI (1953-1957), VII (1957-1961) e VIII (1961-1965). Infelizmente, já não viu a Implantação da Democracia. Como ele, certamente, se indignaria com o poder actual do FC Porto, com este a conotar o Benfica com o Regime que sempre defendeu, e com o qual o seu clube (FC Porto) tanto beneficiou. Ingratidão “pintodacostista”.
Publicamos uma sugestiva fotografia com dois figurões do Fascismo Português – Oliveira Salazar e Óscar Carmona – tendo ambos de cada lado, duas das muitas figurinhas do FC Porto, ambas (a par de Salazar) a fazer a saudação fascista. O primeiro da direita é... Urgel Horta. O primeiro da esquerda é Ângelo César. O fascista Ângelo César Machado nasceu em 4 de Março de 1900 numa pequena freguesia do
distrito Viseu, concelho de Resende, denominada... Andrade. Andrade à nascença, Andrade e fascista toda
uma vida. Ângelo César cruzou-se com Salazar (nascido no Vimieiro... Viseu, em 1889) na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, onde Salazar foi seu professor. Estabeleceu-se entre eles uma grande
amizade – formou-se em 1924 – com ambos a integrarem o Centro Católico. O fascista Ângelo César esteve na fundação da Milícia Lusitana em 1927, que depois integrou a “Liga Nacional 28 de Maio”, génese da Legião Portuguesa (os delatores do Regime, popularmente designados por “Bufaria”). Ângelo César foi
destacado deputado na Assembleia Nacional, fazendo a apologia de Salazar não só como militante do
partido único União Nacional, mas com artigos panegíricos a Salazar e ao Fascismo publicados num dos
jornais patrocinados pelo Estado Novo, o “Diário da Manhã” órgão de imprensa em que os tipógrados por
vezes se “esqueciam” de colocar o “til” porque entendiam classificar melhor as notícias como “Diário da
Manha”. Advogado estabelecido na cidade do Porto, enquanto deputado da fascista União Nacional - em
três legislaturas {I (1935-1938), II (1938-1942) e III (1942-1945)} - foi presidente da Direcção do FC Porto, entre 1938 e 1939. Morreu em 12 de Julho de 1972, vilipendiado pelos democratas portuenses, a dois anos da Revolução dos Cravos. Que pena não ter assistido, à democracia e ao portismo que conota o Benfica com o Regime de que foi um dos mais influentes sustentáculos no Norte. Ângelo César foi um dos principais responsáveis pela organização da "Bufa Portuense" sendo, em 1937, adjunto político da primeira Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal. Quantos democratas não teria ele "enviado" para
Custóias e Peniche!? Apesar dessa vergonhosa promiscuidade - deputado fascista da União Nacional e presidente fascizóide do FC Porto, em simultâneo - o inefável medíocre nosso contemporâneo Bernardino Barros tenta branquear a sua acção fazendo-o passar por um oposicionista ao salazarismo (ver
digitalização). Têm cá uma lata, estes portistas.